6 de out. de 2024

Dia Mundial dos Animais

Photo: WeAnimals (bezerro em fazenda de exploração de
vacas pelo seu leite)
Diante do quadro de destruição dos habitats de animais, o Dia Mundial dos Animais, que coincide com o dia de São Francisco, chega a soar quase irônico considerando como os animais ainda são explorados, mutilados, humilhados, abandonados, queimados. Assim como toda a conversa sobre meio ambiente e direitos humanos, diante do que se passar com povos originários e com os árabes no oriente médio. Especismo e racismo são males que brotam da mesma semente: a supremacia.

 

O ser humano se acha superior ao resto da criação.

Dentro da comunidade humana, os brancos se acham superior aos pardos, árabes etc. Basta ver a cobertura dada à morte de uma pessoa branca, ocidental ou de Israel e à morte de um preto favelado no Brasil, de Palestino, de índio, etc.

A coisa está tão escancarada que só não vê quem não quer. Quando um caminhão de boi tomba e os animais agonizam na estrada, o foco da cobertura é o prejuízo financeiro. Quando índios, pretos, palestinos, sudaneses etc são massacrados, a cobertura da mídia trata o assunto como se fosse algo natural e inevitável, sem autores, e muitas vezes transferem a culpa para as vítimas.

Os animais, por terem sido reduzidos à condição de coisa, são literalmente destruídos com menos cerimônia do que objetos. Transportados a longa distância de forma atroz. Lançados em matadouros onde são mutilados vivos. Explorados à exaustão pela sua força de trabalho. Exibidos como peças de museu. Tem seus corpos feridos todo o tempo. São traficados dentro de malas. Tem seus habitats queimados.

Os animais são refugiados em uma planeta que também é seu.

Como muitos de nós já acordaram para esse fato, ou a humanidade dá uma volta de 180C em sua atitude em relação ao planeta e os outros seres que nele habitam, e isso requer um fim do capitalismo como ele existe hoje (baseado em consumo e expansão inexorável) ou iremos ser apenas um pio na grande história desta bela rocha chamada Terra, ou Gaia, que escolhemos depredar e assim destruir as condições de vida que permite que existamos aqui. Choices, como se diz por aí. As massas seguem distraídas por celebridades, consumo e medo de ficar velho.

Capitalismo e colonialismo

Neste momento da história, não existe como separar a causa vegana da causa anticapitalista e anticonsumo. Os níveis de exploração que existem no mundo hoje, com fazendas fábricas de animais para consumo, para companhia (as chamadas 'fazendas de filhote'), fazendas de polvos etc são resultados de um capitalismo absoluto onde o dinheiro passa por cima de qualquer consideração ética. Alguns anos atrás, eu costumava celebrar quando uma empresa de produtos de consumo lançava um produto vegano. Hoje em dia, eu não vejo progresso algum nisso. Veganismo não é apenas mais uma forma de consumo. É uma filosofia de vida, uma atitude diante do mundo, uma forma de se relacionar com a rede ecológica que evoluiu neste planeta. Consumo consciente, assim como desenvolvimento sustentável, são conceitos usados para criar uma falsa impressão de progresso gerado pela própria ideologia que é a causa do problema. 

Obviamente é melhor comprar uma maionese vegana do que uma não vegana. Mas melhor ainda é fazer a sua própria.

A destruição do meio ambiente, e com ele, do habitat dos animais e de terras indígenas, é resultado direto de forças colonizadoras que continuam predar em países com economias fracas e baixo cachê político que não tem como resistir a pressão do capital internacional dos países ricos que buscam explorar as riquezas dos países pobres para manter o estilo de vida materialistas daqueles países. Ser vegano, principalmente em um país situado na zona de sacrifício do capitalismo global como o Brasil, é tomar consciência deste fato e agir de acordo.

O veganismo, que é a tradução prática do direito dos animais, deve fazer parte da luta anticolonial que é um foco de resistência contra a destruição da vida.

Então, pelos animais e pelo seu futuro, considere o veganismo e eduque-se sobre as lutas daqueles que acreditam em solidariedade e a vida em coletivo.

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