Eles podem ser fofos, adoráveis e ‘exóticos’, mas a reportagem abaixo nos leva ao bizarro mundo de um colecionador de animais silvestres que exercita sua vaidade dominadora sob os auspícios do Ibama, cuja noção de ética precisa de uma revisão urgente.
A matéria foca no inusitado: um tigre-bebê escapa alguns metros de uma clínica veterinária em plena Belo Horizonte. As pessoas se surpreendem, mas notam que o animal não é perigoso. Pelo contrário. Ele pede carinho. Um entrevistado ficou surpreso ao ver o tigre, e com razão: o tigre não é nativo do Brasil, ao contrário da onça, citada na mesma frase que o tigre, como se ambos fizessem parte de uma mesma falange de monstros que se escondem magicamente atrás de árvores em volta de uma cidade grande.
A matéria nos leva até o criadouro privado onde uma Arca de Noé é mantida por uma família abastada. O tigrinho vive em uma jaula de quatro metros, mas será mudado para uma maior quando crescer e viver provavelmente 16 anos, consumindo mais de dez quilos de carne por dia, carne essa que vem de um matadouro de bovinos, aumentando assim a demanda nacional por cadáveres de outros animais também não-nativos deste país e cuja presença é devastadora para o meio-ambiente.
O Ibama aparece na matéria dizendo que fiscaliza os criadouros ‘autorizados’. Mas eles são autorizados a que, exatamente? A explorar animais? Por que permitir esse tipo de coisa? Eu sempre digo isso e repito sempre: enquanto a idéia de que domesticar animais por diversão, colecionismo ou qualquer outro propósito persistir sob o aval das forças oficiais, o tráfico de animais silvestres persistirá e crescerá, até não sobrar uma arara nas florestas para contar história.
Não basta fazer apreensões: é preciso mudar as idéias porque é nessa coisa insidiosa chamada ‘ego’ que começa o problema.
Fonte: R7
Um comentário:
é aquela máxima que alguns tem de supor que se é possível haver jardins e parques com animais exóticos, por que não em minha casa?
Quem acha “normal”, plausível e possível, até mesmo de forma pedagógica, que se tenham em cidades animais aglomerados, enjaulados e apresentados em espaços, concorda que da jaula para o quintal é questão meramente aceitável.
Cadê a EA no Ibama, nos zoos e parques afins? Cadê?
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