16 de set. de 2009

Matar é pedagogicamente incorreto

Quanta se trata de pedagogia, as vezes uma escola é o pior lugar onde se aprender sobre o assunto. Uma escola chamada Lydd Primary School em Romney Marsh, Kent, Inglaterra resolveu ensinar seus alunos ‘sobre as duras verdades da vida’ e isso se traduziu em colocar as crianças para criar animais com objetivo de transformá-los em comida. Uma das ovelhas criadas, Marcus (foto), ficou tão conhecido por causa da controvérsia gerada por esse projeto insano, que até um apresentador de TV se ofereceu para salvar o animal. Mas a direção da escola se recusou e assassinou o animal assim mesmo, apesar dos protestos de várias ONGs, inclusive o capítulo inglês da Peta.

Um pouco de contexto: em uma sociedade pós-industrial como a a Inglaterra alguns educadores se preocupam com a falta de conhecimento que as crianças demonstram sobre a origem de sua comida. Então colocar crianças em contato com o processo de produção de comida seria uma boa idéia.

Com certeza, e isso deveria ser feito através de uma bela horta. Criar animais para matar desensibiliza as crianças para a vida, treina-as para um dieta cheia de gordura e perpetua a idéia de que os animais são coisas que existem apenas para servir os interesses humanos, uma idéia inteiramente fora de passo com a nova sociedade ecológica que substititui o antropocentrismo destrutivo que nos trouxe ao caos ambiental que temos que resolver com uma atitude compassiva e de respeito com o planeta e seus habitantes.

Mesmo seguindo o raciocínio pervertido da diretora da escola, a sua pedagogia é falha porque o abate dos animais não é feito pelas crianças. Se fosse o caso de realmente se mostrar às crianças ‘as duras verdades da vida’, por que então não simplesmente levar os alunos para uma visita a um matadouro? Aí sim elas realmente viriam de onde a carne vem. E provavelmente naquele instante rejeitariam a idéia de comer animais para sempre, o que vai contra os interesses da sociedade de consumo que as escolas se sentem na obrigação de defender e perpetuar. Que pedagogia corrupta. Nota zero para essa escola.


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Um comentário:

Paula RB. disse...

Caro Lobo, parabéns, de pé, pela crônica.

Voce esta certíssimo quando cita uma pedagogia truncada, sem sensibilidade alguma para entender tudo o que envolve a proposta de um projeto pedagógico.

Descaraqueterizando toda uma metodologia de projeto, que tinha, por obrigação, levar o alunado a diversas formas de conhecimento e pensamento no tema. Eles aprenderam o que com isso?

Eu, como profissional da área, não consigo sequer apertar uma só tecla para culpar o alunado, mas sim toda a equipe pedagógica da escola pelo fato, uma escorregada horrorosa feita a partir de um projeto muitissimo mal desenhado, mal concebido em seu bojo e só poderia resultar nessa catastrófica condução como desfecho.

Um vexame para essa escola e seus pedagogos. Um ve-xa-me! Horrível, horrível.