21 de abr. de 2008

Animais no ensino: carnificina na sala de aula

Seguindo o tema dessa semana que é o uso de animais em 'pesquisa', vamos falar de animais usados em salas de aula. A Inglaterra aboliu a prática barbárica de usar animais em aulas práticas de cursos de medicina e similares em 1876, enquanto aqui no Brasil (inclusive naquelas universidades federais que o meu, o seu imposto paga), se continua permitindo essa violação do direito à vida de animais abandonados. Agora, faz sentido um futuro médico testemunhar o valor intrínsico da vida ser descartado pelo seu mestre? Que mensagem se passa para o futuro profissional? E médico treinando em animal para depois trabalhar com gente?








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Recentemente a InterNICHE circulou um email desfazendo todos os mitos favoráveis ao uso de animais na sala de aula. Leia o texto na íntegra:

A) MITO: Os métodos alternativos são muito caros e inacessíveis às faculdades do Brasil.
RESPOSTA: Dra. Nédia Maria Hallage, professora da Faculdade de Medicina do ABC - a primeira no País a abolir a experimentação com animais vivos na graduação - considera mito achar mais barato a morte de animais: "É comum pensar que matar animais sai mais barato que investir em tecnologia alternativa. Para utilizar animais no ensino é necessária manutenção ética, que implica em alimentação digna, funcionários habilitados, controle de zoonoses e estrutura própria no biotério para cada espécie. No caso do investimento em bonecos ou softwares, são todas técnicas duráveis, que abrangem maior número de alunos e que substituem animais em diversos temas de aulas".

B) MITO: As alternativas na prática não funcionam. É preciso praticar em animais.
RESPOSTA: "Usar animais vivos é prática cruel e desestimula o aluno. O estudante de graduação aprende e incorpora informações - através das alternativas - sem necessidade de subjugar outro ser vivo", acrescenta a professora da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC , Dra. Odete Miranda. Nos Estados Unidos, instituições de renome como Harvard, Yale, Stanford há tempos não utilizam animais no ensino médico. A substituição de animais por métodos alternativos chega a 71% em instituições de ensino superior da Itália. Além disso, 68% das escolas médicas norte-americanas não usam animais em cursos de farmacologia, fisiologia ou cirurgia. Só no último ano, nove universidades americanas inseriram seus nomes à lista daquelas que não utilizam mais animais (ver lista). As alternativas para substituição de animais vivos vão desde softwares (programas de computador) e bonecos até auto-experimentação, uso de animais quimicamente preservados e incorporação dos cursos básicos à prática clínica – quando o aluno passa a aprender com casos reais, em seres humanos, com supervisão rigorosa de médicos experientes.

C) MITO: Os cirurgiões brasileiros são os melhores do mundo porque praticaram em animais. Só serei um bom cirurgião se treinar em animais.
RESPOSTA: De acordo com o coordenador do curso e membro do Comitê de Ética da Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) - que não utiliza mais animais vivos para o ensino desde 2002 -, professor José Ademar Vilanova Junior, "No caso de o aluno optar por atuar profissionalmente com cirurgia, terá de buscar uma residência e se aprofundar na prática, sendo primeiro auxiliar. Na graduação, seja com animais vivos ou mortos, em qualquer universidade, não vai praticar mais que cinco cirurgias, o que é insuficiente para preparar por completo um cirurgião", Concluindo: não se pode avaliar se será um bom cirurgião pelo número de cortes que faz num rato ou coelho, fisiológica e anatomicamente diferentes dos seres humanos. Para a Dra. Odete Miranda, a continuidade da experimentação animal no País tem como principais motivos tradição e resistência a mudanças, desconhecimento de métodos substitutivos e atraso tecnológico: "O Brasil está quase dois séculos atrás de países europeus e dos Estados Unidos", garante.

D) MITO: Não usar animais prejudica o aprendizado.
RESPOSTA: "Nossa missão é formar médicos humanos, mais envolvidos com o paciente e sensíveis à dor do próximo. Evitar que o aluno seja coadjuvante da morte ou do sofrimento de animais melhora o aprendizado, pois elimina o estresse do sentimento de culpa, além de incentivar a valorização e o respeito por toda forma de vida . Isso certamente será refletido na relação médico/paciente após a formação acadêmica", afirma Dra. Nédia Maria Hallage, professora da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC e membro do Comitê de Ética em Experimentação Animal.

O professor adjunto de urologia e um dos coordenadores do Laboratório de Técnica Operatória e Habilidades Cirúrgicas da UFRGS - que aboliu recentemente o uso de animais nas aulas de prática de técnica operatória no curso de medicina -, Milton Berger, 51, afirma que os alunos se sentem muito mais seguros para aprender."O novo método tranqüiliza. Muitos tinham pena de treinar em cães. Os simuladores são mais próximos ao corpo humano, além de acabar com uma série de implicações morais."

De acordo com o coordenador do curso e membro do Comitê de Ética da PUC/PR, professor José Ademar Vilanova Junior, para os estudantes da graduação, o ensino de modo algum é prejudicado. A disciplina de técnica cirúrgica da instituição , por exemplo, ministrada no terceiro ano, é uma das que substituíram a vivisseção pelo uso de animais mortos. Nas disciplinas de farmacologia e fisiologia, os animais foram substituídos por filmes e, nas de anatomia e patologia, por maquetes. Mais tarde, nos últimos anos de faculdade, os alunos terão contato com cirurgias e prática ambulatorial no hospital veterinário da instituição, com animais doentes de verdade. O atendimento é feito por um aluno, um residente e supervisionado pelos professores. "Desde as práticas clínicas, de patologia cirúrgica até diagnósticos, aprendem na rotina do hospital", diz o professor Marconi Farias.
(Fonte: InterNICHE)

O que você pode fazer?

Envie seu protesto para as universidades para que cessem o uso de animais e adotem métodos alternativos. Se você é estudante em um desses cursos, existe um dispositivo legal chamado objeção de consciência pelo qual você pode se recusar a participar de aulas com animais. Se todo mundo se recusar, a universidade vai ter que sair do século XVIII e chegar no século XXI rapidinho.

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