No coração ferido da Amazônia, um som ecoa cortando o silêncio da floresta com uma força ancestral. É o guariba, o bugio das matas densas, erguendo sua voz em cima de uma máquina que simboliza a destruição da Amazônia. Uma escavadeira hidráulica, peça central da engrenagem do garimpo ilegal, atua onde a floresta deveria ser a protagonista.
Mas o guariba grita. Grita por si, pelos que já se foram, pelos que ainda resistem. Seu urro é um lamento, uma denúncia, um alerta. É a voz mais forte da floresta pedindo ajuda. É a própria floresta que grita.É como se ele estivesse apontando para aquela máquina, para a cena do crime, para o ouro manchado de sangue, para a ganância do ser humano e para devastação que corrói a Amazônia e sua imensa biodiversidade.
O guariba, que deveria ser um símbolo de liberdade e harmonia com a floresta, agora se torna testemunha de um crime que assola a Amazônia e fere cada um de nós.
Que seu canto (lamento) não seja ignorado. Que ele desperte em nós a urgência de agir. Porque cada árvore caída, cada rio envenenado por mercúrio, cada animal silenciado é uma parte de nós que se perde.
O guariba clama pela floresta. Quem será sua voz fora dela?
Wallace Lopes
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