22 de mai. de 2021

Compaixão pelos animais em Tess dos D'Ubervilles

Natasha Kinski como Tess na adaptação de
Roman Polanski

Recentemente terminei de ler um dos clássicos da literatura inglesa, Tess dos D'Ubervilles, um livro brilhante do romancista e poeta Thomas Hardy, que foi primeiramente serializado em jornais e depois lançado como livro. Na época, ele chocou a sociedade vitoriana com seu retrato compassivo de uma jovem cuja vida é arruinada por um homem mais poderoso e sedutor e que depois é julgada como não sendo pura de acordo com a moral vigente. Em todo o livro, Hardy nos mantem ao lado de Tess e cientes da injustiça que ela sofre.

Em uma cena do livro, quando Tess se esconde de um homem que tenta assediá-la, ela passa a noite escondida no mato e ouve sons que ela não entende, como se fossem passos ou pessoas andando. Por fim, ela consegue dormir até o dia clarear. Ao sair de seu esconderijo, ela consegue entender do que se tratava os ruídos. Ela deu de cara com um grupos de faisões que haviam sido alvo de caçadores e passaram a noite moribundos, não feridos fatalmente mas sangrando muito e agonizando. O chão estava manchado de sangue. Uma cena de carnificina.

Tess se compadece dos animais e se repreende por ter pensado que sua vida era dura - nada se compararia ao sofrimento desses animais. Ela indaga como podem haver pessoas que têm prazer em matar e se obriga a executar a inglória tarefa de acelerar a morte desses animais condenados.

É uma cena forte, construída com maestria por Hardy, que neste livro descreve a natureza da parte oeste da Inglaterra de forma a evocar cheiros e paisagens como em uma pintura. O subtítulo do livro Tess é Uma Mulher Pura e ela era de fato uma mulher pura, vítima da injustiça moralista do período vitoriano (1837-1901) e parte da sua pureza era o respeito e amor pelos animais, como é demonstrado nesta passagem e também, mais brevemente, em outras.


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