22 de set. de 2019

Prisioneiros são recuperados com cuidado de cães e gatos, em Taubaté (SP)

Essa é uma ideia que vale ser replicada em todo o Brasil. Como parte de um projeto inovador, detentos do regime semiaberto em Taubaté (SP) com bom comportamento cuidam de cães do Centro de Controle de Zoonose. A ideia é que os animais sejam preparados para feiras de adoção. É a primeira ação nesse sentido em São Paulo.

Os prisioneiros são selecionados depois de uma triagem que avalia seu perfil e bom comportamento. Atualmente, 12 detentos do regime semiaberto estão engajados em uma rotina que envolve cuidados com a comida, banho e tosa, e também manutenção e limpeza dos canis e gatis.

Além da interação com os animais e da qualificação profissional, os presos também podem atuar por remissão: a cada três dias trabalhados, um dia a menos em sua pena para voltar à liberdade ressocializado.

O projeto atua em dois presídios com 33 cachorros sendo cuidados no P1 (Penitenciária Tarcízio Leonce Pinheiro Cintra) de Tremembé e outros 24 gatos no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Taubaté, onde vivem em melhores condições e aguardam um lar permanente.

É realmente um caso de resgate mútuo. "Percebemos que tanto os animais quanto os presos ficam mais calmos, interagem melhor com as pessoas, aumentam a autoestima, riem mais, se comunicam melhor, ficam mais expansivos e receptivos”, diz Cláudio José do Nascimento Brás, diretor técnico do CDP.

“Através dos animais, você trabalha senso de responsabilidade e afetividade. Devolvemos o preso à sociedade ele estando melhor do que entrou. O projeto vem totalmente de encontro à essa nossa missão”, diz André Bolognin, diretor técnico na P1 de Tremembé.

Enquanto outros cães e gatos devem aos poucos serem levados para cuidados nos presídios, os que já estão por lá serão levados todos os finais de semana para feiras de adoção por toda a cidade, em parceria firmada com protetores.

A iniciativa do projeto partiu da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da 1ª Vara das Execuções Criminais de Taubaté, que costurou o acordo entre prefeitura e governo do Estado. Ela conta com apoio do CCVEC (Conselho da Comunidade da Vara da Execução Criminal), que atua com voluntários para projetos com ressocialização de presos.

“Esse amor incondicional dos animais é exatamente o que os presos precisam, para que tenham uma chance de reintegrar e voltar para o convívio social. O que é tão fácil com os animais, já é algo inato a eles, no ser humano não, é preciso ser cultivado. Para gente isso é difícil, sobretudo em indivíduos que estão segregados”, conta a juíza.

O projeto busca também novos parceiros, para seguir cuidando de animais e ajudando no processo de voltar à liberdade buscando uma vida melhor, e deve servir de modelo para outras unidades prisionais — as próximas devem ser em Potim, também na RMVale. “Projetos são bons quando auxiliam todos os lados. É muito gratificante ver esse trabalho funcionando, com o apoio do Conselho, agora com parceria também com protetores animais. Agora vamos ter força para expandir essa ideia, ser implementado para outras unidades não só na nossa região, contribuindo com todos os envolvidos”.

Fonte: O Vale




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