15 de abr. de 2015

Sacríficios com animais: o fascismo religioso


"A linha de raciocínio subjacente a Lei 12.131/04 com apelo à preservação da cultura e da tradição é uma leitura conformista e determinista da história . Ou estaríamos nós ainda obrigados a presenciar chacinas como as que se praticavam no Coliseu.

"A atual lei não subsiste ao exame de constitucionalidade porque toma a liberdade religiosa como valor absoluto e ignora todas as outras disposições constitucionais relacionadas ao tema. Reside na senciência animal um dos limites éticos e jurídicos opostos à liberdade religiosa. A vedação da crueldade contra animais, que antepõem-se ao exercício pretendido ilimitado das liberdades religiosas, vem a apresentar-se como justo e necessário limite.

"Vivemos um momento em que as pessoas em geral não suportam presenciar maus tratos contra animais domésticos e selvagens. A questão da proteção e defesa da vida animal e do meio ambiente não tem volta. As universidades estão formando cidadãos e profissionais com maior consciência ambiental. Hoje qualquer pessoa razoavelmente instruída reconhece os animais como seres dotados de senciência = capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade. A comunidade está votando e ELEGENDO REPRESENTANTES com este compromisso. É preciso CORAGEM para pensar grande nessa hora, senhores. Porque gente do bem ainda é a maioria e não tolera mais covardias, violência e a larga complacência com o crime e abusos.

"Em tempo oportuno, deixo uma reflexão escrita no século XVII por um filósofo :

Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para mostrar-te suas veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimento de que te gabas. Responde-me, maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os elatérios do sentimento sem objetivo algum? Terá nervos para ser insensível? (Voltaire, 1694-1778).

"Os senhores deputados realmente acham que se trata de preconceito religioso? Que as razões do PL 21/2015 não são suficientemente claras e bem expostas pela deputada Regina Becker? Os senhores deputados temem o que? Para que ocupar uma cadeira na assembleia legislativa por 4 anos para deixar como legado à cidade, à nós, e aos seus filhos os mesmos resultados iníquos?

"Não se intimidem. Pensem. Este é o tempo."

(Juliana Ellen Gusso, Veterinária autônoma, Rio Grande do Sul)

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