25 de mar. de 2015

Sacrifícios animais religiosos: algumas considerações


Esta semana eu estou seguindo um debate sobre sacrifício de animais em rituais religiosos que voltou à pauta por causa do PL 21/2015 de Regina Becker Fortunati que volta proibir o assassinato de animais nestes casos no Rio Grande do Sul. A exceção foi feita em 2004 e desde então vem incomodando os ativistas pelos direitos dos animais e, principalmente, os animais, que são obrigados a participar de um ritual macabro em nome de uma religião que alguém ESCOLHEU seguir.

Bom, a comunidade religiosa interessada no assunto defende a prática e diz que respeita o animal. Como matar pode ser uma forma de respeito a um ser vivo realmente desafia minha compreensão. Mas o que é alarmante é ver veganos se posicionando contra o PL com acusações de hipocrisia. O raciocínio é o seguinte: em um mundo com matadouros, é hipócrita proibir rituais (e qualquer outra forma de abuso, eu deduzo) por serem numericamente insignificantes diante dos números colossais da agricultura animal.

Esse raciocínio engessa a filosofia vegana. Se formos comparar qualquer ação abolicionista com a questão da comida, realmente nada faz sentido porque a assimetria é gritante. E é exatamente essa assimetria que temos que considerar. É justo fazer essa comparação neste momento da evolução humana. Comparar alimentação com ritual religioso é uma falácia - o condicionamento cultural é outro e as estruturas simbólicas também.

A pergunta que deve ser feita sempre é: a exploração neste caso vai ser abolida na raíz, ou seja, não se trata apenas de uma regulamentação? Se a resposta for sim, merece o apoio dos veganos. Para os animais em questão, não importa se serão um ou um bilhão de animais que serão salvos da violência. Veganismo é exatamente a consideração dos animais como indivíduos e não de uma massa amorfa como a sociedade em geral o faz. Se uma vida é salva, e outras que seriam despachadas da mesma forma no futuro também poupadas, trata-se de uma vitória.

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