É incrível como uma instituição educacional, que deveria promover a ética e o desenvolvimento intelectual da humanidade, pode cometer um erro tão crasso como esse.
Entre novembro e dezembro a universidade acolheu uma exposição de desenhos de Lilian Martins como parte da programação da 4ª Semana Ousada de Artes UFSC/UDESC. A farra do boi foi apresentada como uma ‘brincadeira’ e existe um tom de lamento no texto pelo fim da chamada ‘tradição’.
“Resultado da pesquisa visual e da coleta de histórias nas comunidades litorâneas tradicionais de Santa Catarina, a exposição traz uma visão antropológica e lúdica da “Farra do Boi”, denominação criada pela imprensa carioca e paulista nos anos noventa”, diz o press release da exposição.
Segundo o release, o objetivo da exposição batizada de A Farra é “fazer o registro das imagens, práticas, gestos e dizeres, signos das comunidades de base cultural açoriana, reunidas na brincadeira do boi, sem defender ou acusar.
“Por meio do desenho faz um registro de uma manifestação popular que vem sendo modificada e caminha para o desaparecimento”, disse Joi Clétison, coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC, que promove o evento.
A estratégia de eufemizar o que não passa de uma manifestação barbárica de um grupo social é gritante. Torturar e atormentar animais não é cultura assim como estuprar e queimar mulher na fogueira também nunca foi. E dizer que a intenção não é defender nem acusar é hipócrita. Primeiro porque não existe neutralidade em temas como esse. Apresentá-lo como uma manifestação artística já é defendê-lo. Segundo, com certeza a universidade sabe que a farra do boi é crime, então como isso passou pelo crivo das autoridades competentes é realmente inacreditável. Imagine uma exposição lamentando o fim da escravidão, que também foi uma 'tradição'.
Existe uma petição pedindo que a UFSC “não mais patrocine, seja conivente, ou acolha em suas dependências exposições que façam apologia a essa prática hedionda, como se esta fosse meramente uma expressão da cultura catarinense”. Por favor assine.
2 comentários:
Tristemente lamentável que tal fato tenha sido exposto e o Corpo de Orientadores Educacionais não tenha feito qualquer manifestação.
Como Pedagoga e Educadora fico envergonhada de saber que uma instituição de Ensino do porte da UFSC deu essa “escorregada”.
Dor, sofrimento, sangue e incômodo nunca farão parte de festas e tradições. Como bem dito pelo Jornalista da matéria, outros eventos que, infelizmente, envolveram práticas similares, são execrados e repelidos exatamente por isso.
Até poderia ter o registro de um comportamento trazido pela influência açoriana, mas sempre com algum adendo, alertando que tal prática se confere criminosa e repudiada pela sociedade vigente.
Claro, registros da Farra como um acontecimento historico sao benvindos, mas eles tem que ser colocados de maneira critica, como um erro do passado e nao como uma coisa inocente da qual se deve sentir saudades.
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