Depois de uma campanha online contra a venda de peles de raposa pelas lojas Arezzo, o presidente e fundador do grupo Anderson Birman anunciou que a empresa iria retirar o produto de circulação. Ela disse a Folha de São Paulo que preferiu fazer isso do que debater o uso de pele animal.
Curiosamente, ele usou um termo novo, pelemania, que segundo ele define uma tendência na moda atual. De fato, as passarelas de Milão recentemente mostraram muita pele animal, mas daí chamar uma tendência de mania, é outra estória. E por ser tendência, tem que ser imitado?
Segundo a lógica desse empresário, sim.
Mas a Arezzo continuará usando peles de coelho por que no seu entendimento “todo animal que está na cadeia alimentar, não tem como.” O velho argumento: se já foi morto mesmo, por que não usar o resto? Ele também apela para o uso de milenar das peles como uma outra justificativa.
A verdade é que a indústria da moda tem muito pouco argumento para sustentar qualquer debate nesta arena se considerarmos o que move essa forma de comércio (excluo aqui pequenos estilistas que realmente inovam e criam estilo, não apenas roupas da estação).
O estranho é ver o empresário usando o argumento da sustentabilidade, como se o fato das raposas virem de criadouros de alguma forma tornasse suas peles magicamente sustentáveis. Isso é, obviamente, greenwashing, marketing que visa dar uma aparência verde ao negócio. A verdade é que criar animais que tem direito a ser livres para matá-los é exatamente o antônimo da sustentabilidade.
O que fica desse debate é que campanhas de foco único são válidas. O assunto em questão era apenas pele de raposa, mas notem quanto temas relacionados vêm a tona. Obviamente o objetivo é abolir a exploração de todos os animais mas ao abolirmos (e não apenas regularmos) um ponto de exploração de um deles, é uma vitória para todos por que o conceito é difundido.
Segundo: ativismo online dá resultados. Independente da motivação do Sr. Birman de recuar com suas peles de raposa, o importante é que ele o fez e ficou ciente de que a repercussão na era dos micro-blogs é instantânea e reputações podem ser desfeitas tão rápidas quanto uma casa de cartas. Na nova era da democracia eletrônica, os animais ganham uma voz cada vez mais retumbante.
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