18 de ago. de 2010

O mito da ‘vaca feliz’

Anteontem fui ao cinema ver um filme aqui em Londres.

Antes do filme começar, passaram uma série de comerciais feito especialmente para cinemas. Um deles era de uma marca famosa de manteiga aqui na Inglaterra chamada Anchor.

O comercial mostra vacas animadas chegando ao trabalho todos os dias para fabricar manteiga. As vacas batem ponto, controlam a qualidade do produto, fazem um ‘break’ com sanduíches de gramas que elas retiram de uma máquina operada com moedas e sorriem quando um funcionário feliz parte em um caminhão, levando a a manteiga para ser distribuída.

No final aparece o slogan: Anchor, Feita Por Vacas.



Esse tipo de estratégia é comum na indústria de exploração animal. Para disfarçar a crueldade da exploração animal, emprega-se uma mitologia infantilizada e nostálgica de uma relação simbiótica com os animais, que aparecem fazendo o seu trabalho voluntariamente e de bom grado.

Essa estratégia apela para uma visão bucólica da agricultura animal, que obviamente é falsa, como vários vídeos investigativos que circulam pela internet demonstram.

E mesmo que a vida das vacas fosse realmente ‘boa’ como essas propagandas sugerem, ainda assim elas teriam seu fim no matadouro.

Donald Watson, que fundou a Vegan Society na Inglaterra em 1944 e criou o termo, cita uma visita a uma fazenda familiar, que hoje seria considerada ‘orgânica’, como sua fonte de inspiração para o veganismo.
Ele não precisou ir a uma fazenda-fábrica do pós-guerra para ver que o direito a autonomia dos animais é retirado deles quando eles são submetidos a domesticação e o cativeiro.

Veganismo é principalmente uma oposição a idéia de domesticação de animais.

Não existe a vaca feliz. Existe apenas o produtor explorador. O único animal feliz é o animal que pode viver livre em seu habitat, com todos os desafios e prazeres que a natureza lhe possibilita.

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