28 de jan. de 2010

China: dias melhores virão para os animais?

A imprensa internacional relatou essa semana que a China lançou uma proposta de lei para proteger seus animais de maus tratos. As medidas incluem pena de prisão de até 15 dias para quem comer carne de cachorro e gato, além de multa de algumas centenas de dólares, segundo o Chongqing Evening News.

Na melhor das hipóteses, serão medidas bem-estaristas que talvez representem um pequeno avanço em um país notório pelo tratamento desumano de animais não-humanos e humanos.

No mundo ocidental, a notícia de que cães e gatos poderão se livrar do garfo de alguns chineses virá como um sopro de alívio embora muitos considerem pouco provável que a lei passe e, se passar, que ela seja cumprida.

De fato, antes de celebrar é recomendável muita caução. A motivação para essa nova medida, pelo menos no que afeta cães e gatos, está mais ligada à ocidentalização da crescente classe média chinesa, que desaprova do hábito de comer esses animais, do que à compaixão. E junto com essa suposta simpatia por essas duas categorias de não-humanos vem um novo apetite por carne de bovino e laticínios. Ou seja, existe o risco que mais desses animais serão mortos para atender a essa demanda, que infelizmente cresce em ritmo chinês. Poupa-se alguns cães e gatos e sacrifica-se milhares de bois e vacas.

Além disso, é provável que essa nova classe média comprará em massa animais vindos de criadores. Com isso haverá uma explosão populacional de animais ditos de ‘companhia’ e, como conseqüência, o abandono. E animais na rua em um país já extremamente populoso só pode significar uma coisa: violência, fome, doença e morte.

Tomara que outras espécies se beneficiem de algum tipo de proteção e que o veganismo cresça no país. Mas é pouco provável que a China se tornará um país gentil com animais do dia para a noite. É melhor aguardar com cautela e olhos abertos o que resultará dessa proposta de lei.

Foto: IC (Protesto contra consumo de carne de cachorro e gato na China)

Com informações do China Daily


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Um comentário:

Paula RB. disse...

Lobo, interessantíssima a análise da dualidade gerada: poupa-se cães e gatos, mas bovinos e outras espécies ficam a mercê de abates horripilantes.

Isso sem falar de animais que servem para a medicina e entretenimento, como os ursos e outras atrocidades com cobras, mangustos, macacos e roedores.

Deve-se pensar o todo e não as partes, mesmo que sejam um avanço.