O destino dado aos 200 galos resgatados de uma rinha em Cariacica no Espírito Santo ilustra a nossa relação impiedosa e utilitarista com os animais. As aves, feitas agressivas pelos criminosos que as exploravam nessa atividade ilegal, serão doadas para ser ‘consumidas’, ou seja, mortas. Depois de sofrer nas rinhas, os animais sofrerão no matadouro. Não é a toa que vivemos em uma sociedade tão violenta.
Em conversa por telefone, o Ibama me disse que está apenas cumprindo a lei e que o caso de rinhas de galos é um dos poucos em que a organização lida com animais não silvestres, por isso eles não tem como fazer um trabalho de recuperação com as aves e devolvê-las ao seu habitat natural, já que eles não nativos do Brasil. O agente que me atendeu citou um caso recente no Ceará em que o Ibama anunciou que iria eutanaziar um grupo de galos resgatatos de rinhas mas foi proibido pelo Ministério Público que alegou que a lei previa que animais tido como comida devem ser doados para esse fim. Pelo visto, nenhuma faisca de misericórdia é direcionada ao galo (e outros animais ‘domésticos’) pelos labirintos da lei brasileira.
O Ibama pode estar amarrado pela lei e enfrentar um problema logístico nesses casos, mas poderia se esforçar mais para dar outro destino a esses animais. A criação de um centro de recuperação dessas aves, não necessariamente pelo Ibama, poderia servir como um projeto de educação anti-rinhas, já que esse é um problema social crônico. As multas são altíssimas - 100 mil reais nesse caso – e deveriam ser usadas em prol das vítimas. Todo animal é um animal silvestre, ele apenas foi retirado de seu contexto original e isso deve ser levado em consideração.
O Gallus gallus é um animal nativo do sudoeste asiático que começou a ser explorado domesticamente no Vietnam cerca de 10 mil anos atrás. A medida que o mundo foi sendo colonizado, a exploração desse animal se globalizou e hoje ele é o mais explorado de todos os animais, com cerca de 24 bilhões de indivíduos vivendo em condições absolutamente deploráveis. A rinha de galos é um sub-produto do consumo do Gallus gallus como comida. Portanto, a melhor forma de ajudar a acabar com esse ciclo de sofrimento é tornar-se vegano.
3 comentários:
quem, na verdade, sentindo na pele, paga pelo crime?
Os galos sao vitimas de todos aqui: dos rinheiros, do governo que nao lhes dao protecao nenhuma e da populacao geral que continua financiando o holocausto. Essa categoria de animais e vista como mera comida, como se a evolucao tivesse gerado uma especie so para servir o monstro humano.
Caro Lobo, desculpe-me se não fiz-me entender com a colocação na pergunta; quem paga todas as "contas" são somente os animais. Podem existir Leis, processos e determinações judiciais envolvidas que sempre, sem sombra alguma de dúvida a corda arrebentará para o lado mais fraco, eles!
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