No Brasil nós podemos ver isso em ação o tempo todo, como por exemplo, a normalização de Bolsonaro, que apesar da repelência absoluta, foi feito palatável por uma economia midiática que aos poucos faz que uma figura absolutamente esdrúxula se torne aceitável e até elegível (felizmente não mais, e em breve, preso).
Eu acho que esse conceito pode ser extrapolado para o consentimento da população com as atrocidades cometidas contra os animais e que são naturalizadas através de estratégias diversas como a inferiorização dos animais, a negação do seu sofrimento e de uma constante reforço do mito antropocêntrico da superioridade humana.
A verdade é que na cultura nada é natural, tudo é aprendido e constantemente reforçado. Quando uma pessoa diz que ela não vive sem carne, essa fala não parte dela; essa fala foi implantada nela e ela apenas reproduz. Quando uma pessoa diz que é contra o sofrimento animal mas o aceita como um preço (não pago por dita pessoa) para se ter carne, ovo ou queijo no prato, ela está repetindo um discurso com o qual ela foi condicionada a aceitar e reproduzir, de forma automática, como o padrão e, de certa forma, inevitável.
Tudo isso obviamente não é desculpa para o comportamento de cada pessoa, que tem mecanismos de rompimento desses padrões. Eu acredito que tudo é escolha, porque todos nós somos expostos às mesmas engenharias de consentimento e nem todos somos afetados por ela. O indivíduo sempre é responsável por suas ações.
O que é útil em entender esse mecanismo que Chomsky fala é que ele nos dá uma clareza sobre aquilo que estamos lidando e uma possibilidade de manufaturarmos um outro mundo com outros discursos onde o respeito à vida e à integridade dos animais não-humanos têm valor absoluto e intrínseco.
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