3 de ago. de 2010

Arnaldo Jabor critica a proibição das touradas na Catalunha

Recentemente, o colunista e polemicista profissional Arnaldo Jabor resolveu nadar contra a corrente e defender as touradas na Espanha, criticando a decisão ética da Catalunha de proibir esse barbarismo em sua região (ouça aqui a declaração feita pelo jornalista a favor das touradas, na rádio CBN).

Ele começa sua fala se desculpando aos membros da proteção e defesa animal, e segue em tom debochado afirmando que “ama” as touradas.

Jabor utiliza os mesmos argumentos das forças conservadoras e corruptas que vivem de subsídio da União Europeia que têm interesse em manter esse derramamento de sangue: ele afirma que gosta das touradas, pois seriam um mito nacional espanhol, e que a decisão pela proibição teria sido apenas uma estratégia tola ou uma mera conveniência política.

Jabor esqueceu de fazer seu dever de casa ao escrever a coluna. Ele disse, por exemplo, que tanto o toureiro quanto o touro correm risco de morte. Mentira. Os touros são dopados e mantidos no escuro antes de entrar na arena. Eles não têm chance contra o toureiro; o jogo é armado contra eles. Além do mais, nos raros casos quando o toureiro é ferido, os paramédicos correm para salvar sua vida.

Jabor diz, também, que tourada é arte. Uma arte baseada na violência? Já pensou se o cinema precisasse fazer uma guerra real para produzir filmes sobre guerra? Arte tem a ver com imaginação, consciência e não com exibições kitsch de falocentrismo e violência.

Outro erro de raciocínio que Jabor faz em defesa das touradas ocorre ao afirmar que quem come carne não pode ser contra esse barbarismo. Esse é um recurso típico de quem pretende calar qualquer manifestação a favor dos animais e justificar uma violência com outra. Ele ignora o fato de que muitas pessoas que são contra touradas são veganas. Quem consome carne e é contra touradas não está sendo hipócrita, apenas incoerente. Não existe paralelo entre os mecanismos de condicionamento cultural que induzem as pessoas a comer carne e a escolha que um indivíduo faz de ir a uma arena assistir ao assassinato de um animal. São duas violências distintas.

A tourada nada mais é do que uma demonstração do fascismo humano sobre os animais não humanos. Não é à toa que Franco adorava touradas e via nela um elemento-chave da identidade do seu reino de terror. A Catalunha fez a coisa certa ao excluir essa violência do seu território, historicamente muito mais de vanguarda do que o resto da Espanha. Se foi por motivos de compaixão ou por proteção de sua identidade cultural, não importa. As vitórias de direitos civis em geral foram ganhas por motivação econômica e social, e não porque a humanidade é ‘boazinha’. O importante é o efeito prático da decisão, que será uma realidade de menos animais assassinatos nas arenas da Espanha.

Mais uma vez, parabéns à Catalunha pelo exemplo dado ao resto da ‘mãe Espanha’, como Jabor diz. Uma boa mãe trata bem seus filhos, inclusive os não humanos.

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3 comentários:

Paula RB. disse...

"tanto o toureiro quanto o touro correm risco de morte."
Gostaria de saber em qual etapa de uma tourada isso acontece? Se fosse assim, quantitativo aos dois, haveria alguma "justiça" no jogo, mas não há chance alguma ao pobre animal; subjugado e tripudiado em todos os sentidos.

Há um desequilíbrio nessa estatística do jornalista Jabor, já que, os touros sempre são mortos, já os toureiros...

Sinceramente? Declaração infantil, boba, porosa, sem um maior aprofundamento e embasamento.

Álvaro Diogo disse...

Esse cara é uma vergonha pro jornalismo brasileiro ¬¬

Postei à respeito em meu blog e reproduzi esse texto, ok?

Se der dá uma passadinha lá.

Abraços! E parabéns pelo trabalho.

http://www.ideianossa.blogspot.com
@alvarodiogo

loboreporter disse...

Alvaro, muito obrigado pelo comentario e fique sempre a vontade para reproduzir os textos daqui. Vou visitar seu blog e espero te ver por aqui.

Abs,

LR